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Clube Europeu AEASC

28/05/2020

COMPOSTAGEM

A maioria dos alunos do Agrupamento Amadeo de Souza-Cardoso vive em habitações que têm horta ou um grande jardim e por isso podem fazer compostagem é só uma questão de começar. Vejam estas imagens que são um bom exemplo de como se pode fazer compostagem.


O material inorgânico produzido é muito rico em nutrientes e pode ser utilizado para encher os vasos das plantas, fertilizar as plantas do jardim ou os legumes da horta, pois "Na natureza, nada se perde, tudo se transforma" (Lavoisier)
 Vamos a isso!

Separação dos resíduos

Foi pedido aos alunos da turma do 7.ºA, que durante uma semana pesassem os resíduos produzidos em casa depois de separados para os vários ecopontos,eis o resultado:
Dos 9 alunos que participaram, só 6 separam os plásticos 3 fazem a compostagem. Temos de alterar isto, estamos a produzir muitos resíduos, temos de começar pela redução, mas depois a reciclagem tem de ser uma prioridade! Vamos a isso!

07/05/2020

Pandemias e predadores - Opinião do Dr. Jorge Paiva

"Não vamos referir a relevância de todos os predadores, mas apenas de dois. Um, macroscópico e muito conhecido, o lobo, e outro, mais ou menos microscópico e absolutamente desconhecido da generalidade do público, os mixomicetes. Como qualquer predador, o lobo sempre foi vilipendiado e inimizado pelos humanos, que o abatem indiscriminadamente, colocando-o na situação de risco de extinção. Como qualquer outro predador, os lobos são extremamente úteis para o equilíbrio da biodiversidade e dos ecossistemas naturais, que existem no Globo Terrestre, a Gaiola onde vivemos, antes do aparecimento da espécie humana, o animal mais perigoso desta Ilha do Universo.
No início do século passado, foi decidido eliminar os lobos do Parque de Yellowstone, o primeiro Parque Nacional dos Estados Unidos. Isto porque os lobos não só competiam com os caçadores desportivos que se “divertiam” a caçar veados e outros mamíferos que existiam nas áreas limítrofes do parque, como também porque, por vezes, os lobos se aproveitavam dos descuidos dos criadores do gado que pastava nas cercanias do Parque Nacional. Assim, a partir de 1930, deixaram de existir lobos no Parque de Yellowstone.
Então, a população de herbívoros, particularmente de alces, aumentou exponencialmente, de tal modo que os ecossistemas do parque sofreram uma drástica modificação, particularmente os prados das margens dos rios, que foram praticamente dizimados. Essa erosão não só diminuiu a biodiversidade desses ecossistemas marginais, como também a população de castores, sem o predador (lobo) aumentou de tal modo, que derrubou as árvores e arbustos da floresta ripícola que marginava o rio. 
Com as margens dos rios desertificadas, a erosão progrediu rapidamente, com arrastamento de solos nas cheias sazonais, levando ao assoreamento dos rios, que passaram a serpentear por áreas do parque onde nunca tinham corrido, provocando, além da erosão, alterações profundas nos ecossistemas do parque. Depois disto, os lobos foram reintroduzidos, os herbívoros deixaram de pastar nas margens dos rios por estarem a descoberto e mais facilmente visualizados pelos lobos, voltando a alimentarem-se abrigados na floresta, que estava transformada num ecossistema desequilibrado, onde até os ursos tinham já poucos frutos, porque as plantas tinham crescido demasiadamente ramificadas e, portanto, com poucos frutos. Os ecossistemas das margens e da floresta voltaram ao equilíbrio normal, os rios passaram ao leito primitivo, sem inundações nem assoreamento drástico. Enfim, o Parque Yellowstone recuperou do desastre para que caminhava. Em Portugal, os lobos foram quase aniquilados. Eu ainda conheci lobos na serra da Estrela. Assim, os javalis proliferaram de tal modo que, em 1996, foi atropelado um próximo da entrada principal do Hospital da Universidade de Coimbra; no dia 9 de Janeiro de 2018, de madrugada, vi uma fêmea de javali descendo a rua onde moro (R. Carolina Michaëllis), em Coimbra, e no dia 18 de Agosto de 2017, alguns javalis banharam-se na praia de Galapinhos (Setúbal); além dos prejuízos que causam nos campos agrícolas. Nós, em vez de procedermos de modo idêntico ao acontecido no Yellowstone, resolvemos a questão aos tiros, permitindo a caça temporária aos javalis. Vamos, agora aos mixomicetes, que não são animais  e, como não são produtores de biomassa (não são verdes), também não são plantas. São eucariotas, portanto, não são bactérias nem vírus. Reproduzem-se por esporos, mas não são plantas, pois não são produtores de biomassa. Constituem um subfilo, os Mycetozoa, com cerca de 1000 espécies. São seres microscópicos, plasmodiais, que se deslocam como as amebas, alimentam-se de microrganismos, como bactérias (provavelmente também de vírus), leveduras e fungos. As florestas são dos ecossistemas onde são mais abundantes, quer na manta morta, quer na superfície das plantas.
Costumo mostrá-los aos jovens quando vou às escolas na minha actividade cívica ambiental. Mostro-os na casca das árvores das florestas tropicais. Nestas florestas, as árvores atingem 120 metros de altura. Chamo à atenção dos alunos que uma árvore dessas tem, na casca, milhares de mixomicetes. Quando se deita abaixo uma árvore dessas, estamos a matar também milhares de predadores de microrganismos. E quando, além disso, destruímos também o ecossistema florestal, estamos a libertar milhões de bactérias e vírus que podem provocar novas doenças, como, por exemplo aconteceu com a designada sida, que não existia quando eu era jovem e que surgiu na região florestal do Congo. Nessa altura culparam-se os símios, espalhando que o vírus (HIV) tinha passado para a nossa espécie através do contacto com símios dessa região. Poderá ter sido assim, mas o vírus estava no corpo dos símios, depois de se ter disseminado por falta dos predadores (mixomicetes), que despareceram com o derrube da floresta tropical da região. Também já houve quem culpasse animais selvagens desta epidemia que nos assola agora. Na China há um grande mercado de animais selvagens para a alimentação e misticismo. A explicação é, pois, a mesma e o único culpado é o Homo sapeins L., que parece não ter nada de sapiens. Neste momento, há apenas 20% das florestas que existiam quando a nossa espécie surgiu neste Globo, uma Gaiola que temos vindo a sujar e na qual temos vindo a dizimar predadores de microrganismos, que podem vir a ser agentes de novas enfermidades letais e que não vamos poder controlar com tirinhos como fizemos com os javalis, pois os microrganismos não se vêem para os podermos dizimar a tiro.
De realçar que esta pandemia alastrou mais rapidamente e tem sido mais letal nas regiões do Globo mais poluídas e de maior concentração populacional (China e Norte da Itália). Estou imensamente apreensivo, pois quando esta pandemia atingir (porque vai mesmo atingir) as populações de todas as favelas americanas, africanas e asiáticas, não vão conseguir controlá-la. Será o caos da humanidade, tanto para pobres como para ricos, pois a morte não se compra. É por isso que me incomodo com empresários e políticos mais preocupados com os problemas económico-financeiros do que com o gravíssimo e rapidíssimo alastramento do coronavírus, julgando que eles não serão atingidos. Apesar desta lição, que ainda não acabou, continuo a ouvir justificar que o aeroporto terá que ser no Montijo, por ser o local economicamente mais favorável, sem olhar, minimamente, para as consequências ambientais e para o próximo desastre que aí vem, bem pior do que este,  como alertou o filósofo José Gil: “Esta terrível experiência que estamos a viver constitui apenas uma antecipação, e um aviso, do que nos espera com as alterações climáticas.” (in Público, Opinião, 02.04.2020)."

Opinião do Dr. Jorge Paiva

O Dr. Jorge Paiva estava convidado para proferir uma conferência sobre as alterações climáticas, para comemorar o dia da Europa, na nossa escola, mas devido à COVID-19, tal não foi possível, mas partilhou connosco as suas reflexões.
       "Há muitos anos que alerto para a situação de altíssimo risco, na qual políticas inqualificáveis colocaram o nosso país. Há anos que digo que preferia que o meu pais exportasse alimentação e conseguisse divisas, em vez de pasta para papel. Há anos que alerto para a situação em que colocaram o nosso povo rural: na dependência do eucalipto, de uma única fonte de sobrevivência, cuja multinacional até pode “brincar” com o preço de compra. Por outro lado, o camponês abandonou grande parte dos campos, não só porque preferiu plantar eucaliptos nos seu baldios e, muitas vezes, até nos seus campos de cultivo, como também não tinha capacidade de competir com as multinacionais estrangeiras produtoras de produtos alimentares vegetais e animais, tendo desistido da agricultura, abandonando os campos.

Ainda há poucos dias perguntei a um político, que me elogiava o interesse económico do eucalipto para a sua região autárquica, se a população dessa região comia folhas de eucalipto ou comia produtos vindos de outras regiões? Perguntei-lhe também se 90% dessa região tinha ardido por causa de plantas alimentares ou por causa da referida região ser um eucaliptal contínuo? Também lhe perguntei se ele sabia que a produção de pasta para papel era altamente poluente (gasosa e líquida) e que havia efluentes despejados directamente no oceano com um ´prévio tratamento não totalmente eficiente?
Se esta crise do coronavirus levar ao isolamento do país (espero que não), não estamos preparados para sobreviver, pois não temos alimentos nem produção deles para nos alimentarmos.
Isto é apenas um AVISO SÉRIO, pois vem aí uma crise muito mais grave, como alerta o filósofo José Gil: “Esta terrível experiência que estamos a viver constitui apenas uma antecipação, e um aviso, do que nos espera com as alterações climáticas” (Público 10918: 4-5, de 16.03.2020)."
Muito obrigada!